O Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira, 26, uma revisão do desempenho econômico do país no primeiro trimestre, indicando uma contração maior do que a estimada inicialmente. A nova leitura mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou a uma taxa anualizada de 0,5%, acima da retração de 0,2% informada na estimativa anterior.
A revisão foi atribuída principalmente à queda nos gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica nos Estados Unidos. Segundo o relatório, o consumo teve crescimento de apenas 0,5% no período, bem abaixo da estimativa anterior de 1,2%.
Além disso, a demanda doméstica, que exclui o impacto do comércio exterior, foi reduzida para uma taxa de crescimento de 1,9%, frente aos 2,5% projetados anteriormente. O resultado marca uma desaceleração significativa em comparação com o quarto trimestre de 2024, quando a economia dos Estados Unidos cresceu a uma taxa de 2,4%.
A contração no início de 2025 é atribuída, em parte, ao aumento de importações no fim de 2024, quando empresas americanas anteciparam compras para evitar as tarifas impostas pelo governo do ex-presidente Donald Trump. A antecipação dessas compras pressionou negativamente o saldo comercial no primeiro trimestre, contribuindo para a retração do PIB.
De acordo com o relatório, as empresas aumentaram suas encomendas de mercadorias estrangeiras no final do ano passado, especialmente veículos automotores, para evitar os efeitos das tarifas. Essa movimentação inflou temporariamente as importações e provocou distorções nas contas nacionais.
Com a normalização do fluxo de importações nos meses seguintes, analistas projetam um desempenho mais favorável da economia no segundo trimestre. O Federal Reserve de Atlanta estima uma recuperação com crescimento de 3,4% no período de abril a junho. A projeção, no entanto, é recebida com cautela por economistas que alertam para sinais de desaceleração em outros indicadores.
Dados recentes sobre vendas no varejo, mercado de trabalho e setor imobiliário indicam que a atividade econômica permanece moderada. Segundo analistas, a elevação de juros promovida pelo Federal Reserve nos últimos trimestres também continua a exercer efeitos sobre o consumo e o investimento.
Embora o desempenho negativo do primeiro trimestre tenha sido atribuído a fatores pontuais, como o ajuste nas importações, economistas alertam que a volatilidade dos dados não deve ser interpretada como sinal de força estrutural. As previsões para os próximos trimestres dependem do comportamento da inflação, da política monetária e da resposta dos consumidores a eventuais mudanças no mercado de crédito.
O relatório do Departamento de Comércio também indicou que estoques e gastos governamentais tiveram influência limitada no resultado do trimestre. As exportações permaneceram estáveis, enquanto os investimentos empresariais tiveram leve retração.
Apesar da expectativa de recuperação no segundo trimestre, a incerteza sobre a trajetória da economia americana persiste. O mercado monitora de perto os próximos indicadores de inflação, emprego e confiança do consumidor, que podem influenciar os próximos passos do Federal Reserve em relação à taxa básica de juros.
Até o momento, o banco central dos EUA não sinalizou alterações significativas em sua estratégia de política monetária, mas dirigentes da instituição têm adotado um discurso cauteloso. A projeção atual é de manutenção das taxas de juros no patamar atual até que haja sinais mais claros de desaceleração sustentada da inflação.
Com o desempenho revisado do primeiro trimestre, o crescimento anual dos Estados Unidos em 2025 dependerá do ritmo de retomada nos próximos trimestres. A possibilidade de expansão acima de 2% ao longo do ano ainda está em análise por parte das principais instituições financeiras.
A próxima leitura do PIB, com os dados do segundo trimestre, será divulgada em agosto e poderá oferecer uma visão mais precisa sobre a consistência da atividade econômica em meio ao atual cenário global.
Com informações da Reuters
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