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Confira a declaração do presidente Lula durante visita de Estado à França

A cooperação entre os países avança em defesa, ciência e clima, com ênfase na soberania e no combate a crimes ambientais O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou nesta quarta-feira (5) uma declaração à imprensa durante sua visita de Estado à França, destacando a retomada aproximação entre os dois países após 13 anos sem […]

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Declaração à imprensa do presidente Lula durante visita de Estado à França
Lula e Macron reativam centros estratégicos na Amazônia e impulsionam novas rotas de turismo, comércio e biodiversidade / Reprodução

A cooperação entre os países avança em defesa, ciência e clima, com ênfase na soberania e no combate a crimes ambientais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou nesta quarta-feira (5) uma declaração à imprensa durante sua visita de Estado à França, destacando a retomada aproximação entre os dois países após 13 anos sem uma visita presidencial brasileira ao território francês. Acompanhado pelo presidente Emmanuel Macron, Lula ressaltou avanços na cooperação bilateral em áreas como defesa, meio ambiente, comércio e combate ao crime organizado.

Lula lembrou que a última visita de um chefe de Estado brasileiro à França ocorreu em 2012 e que, desde então, algumas vertentes da relação haviam se enfraquecido. “O primeiro passo para mudar essa realidade foi a visita histórica do presidente Macron ao Brasil no ano passado. Minha presença aqui consolida essa reaproximação”, afirmou.

Confira o discurso

O presidente Macron recebeu minha comitiva com a hospitalidade que somente um grande amigo pode oferecer.

Esta visita de Estado é a primeira que um mandatário brasileiro faz à França em 13 anos.

Algumas vertentes do relacionamento bilateral se enfraqueceram nesse período, como o diálogo político e o comércio.

O primeiro passo para mudar essa realidade foi a visita histórica do presidente Macron ao Brasil, no ano passado.

Minha presença aqui em Paris consolida essa reaproximação.

Não poderia haver dia mais simbólico para realizar esse propósito.

Hoje, 5 de junho, celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Na reunião que tivemos esta manhã, discutimos ampla agenda bilateral.

Passamos em revista os avanços na implementação do Plano de Ação firmado em 2024.

Os mais 20 instrumentos assinados hoje refletem a diversidade e a densidade da nossa relação.

O Brasil desenvolveu com a França importantes projetos bilaterais em áreas de ponta, como o Satélite Geoestacionário de Comunicações e o supercomputador Santos Dumont.

O Programa de Desenvolvimento de Submarinos é a maior iniciativa de cooperação em defesa já empreendido por nosso país.

Seu legado é o de garantir a soberania brasileira sobre nosso vasto espaço marítimo além de construir um dos estaleiros mais modernos no mundo em Itaguaí, no Rio de Janeiro.

Queremos lançar uma nova etapa na parceria que trouxe para Itajubá, Minas Gerais, a única fábrica de helicópteros do hemisfério Sul.

Estamos discutindo uma nova encomenda de aeronaves para dotar o governo brasileiro de meios para combater a criminalidade e enfrentar desastres naturais de forma mais eficaz.

Como vizinhos que compartilham extensa fronteira amazônica, apostamos nos benefícios da integração.

O “Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica”, que reativamos em 2024, vai financiar pesquisas conjuntas ainda neste ano.

O fim do regime diferenciado de vistos é um pleito de longa data para facilitar o trânsito regular de pessoas entre o Amapá e a Guiana Francesa.

Isso promoverá o turismo e o comércio das comunidades transfronteiriças.

Integrar também implica coordenar esforços para combater o tráfico, o garimpo ilegal e o desmatamento.

Esse é o espírito do Acordo assinado hoje pela Polícia Federal e sua contraparte francesa.

A luta contra o crime organizado também motiva minha visita à sede da Interpol, em Lyon.

Dirigida pela primeira vez por um brasileiro, a organização é chave nos esforços multilaterais para o enfrentamento a ilícitos transnacionais, em especial o narcotráfico e a exploração de crianças e adolescentes.

Ressaltei ao presidente Macron que o intercâmbio bilateral não condiz com a envergadura de nossa Parceria Estratégica.

No plano comercial, não é possível que os valores registrados em 2024 (9 bilhões de dólares) sejam inferiores aos observados em 2012.

O evento empresarial que realizaremos amanhã é um passo para corrigir isso, atrair mais investimentos e integrar cadeias produtivas.

Expus ao presidente Macron minha convicção sobre o papel estratégico da parceria entre o MERCOSUL e a União Europeia.

Esta é a melhor resposta que nossas regiões podem dar diante do cenário de incertezas criado pelo retorno do unilateralismo e protecionismo tarifário.

Defender o regime multilateral do clima é outra prioridade compartilhada.

A COP30 marca os dez anos do Acordo de Paris e aproxima França e Brasil no combate ao aquecimento global.

Firmamos hoje dois atos que fortalecerão a cooperação em matéria de hidrogênio de baixo carbono e de descarbonização do setor marítimo.

Minha participação na Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, em Nice, ressaltará a importância dos mares como reguladores climáticos e fontes de biodiversidade.

Os biomas marítimos demandam o mesmo nível de atenção e de compromisso que as florestas tropicais.

É chegada a hora de cumprir as promessas que fizemos para o planeta e as futuras gerações.

Até novembro, todos os países deverão apresentar suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas, com metas de redução de emissões de carbono até 2035.

O Brasil está comprometido com a redução entre 59% e 67% de emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia.

Sem mobilizar 1,3 trilhão de dólares para o enfrentamento da mudança do clima, corremos o risco de criar um apartheid climático.

As Nações Unidas completam 80 anos padecendo de grave déficit de legitimidade e eficácia.

A guerras na Ucrânia e em Gaza, a situação no Haiti e tantas outras crises esquecidas demonstram que a reforma do Conselho de Segurança da ONU é inadiável.

Como disse o presidente Macron recentemente, reconhecer o estado palestino é um dever moral e uma exigência política.

O Brasil foi um dos primeiros países na América Latina a fazê-lo.

Todos esses conflitos consomem recursos valiosos para o desenvolvimento.

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada pelo Brasil no âmbito do G20, no ano passado, quer inverter essa lógica e voltar a colocar a vida humana no centro da agenda internacional.

Sei que podemos contar com a França. Em 2025, completamos 200 anos de relações bilaterais com o olhar voltado para o futuro.

Essa construção conjunta passa pelo aprofundamento dos laços e do intercâmbio entre nossas sociedades.

Esse é o propósito da atualização do Acordo de Cooperação Cultural assinada pela ministra Margareth Menezes.

É, também, o espírito das centenas de eventos que ocorrem na França e no Brasil, desde abril, no âmbito das Jornadas Culturais Cruzadas, que o presidente Macron e eu decidimos lançar no ano passado.

Caro amigo Macron,

Esta data, também é um triste marco para os que lutam pelo meio ambiente e os povos indígenas.

Há três anos, Bruno Pereira e Dom Phillips, dois gigantes na defesa da Amazônia, foram covardemente assassinados.

O Brasil e a UNESCO decidiram homenageá-los batizando com seus nomes as bolsas de jornalismo investigativo sobre integridade da informação e mudança do clima.

Há duas semanas perdemos o genial Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos do mundo. Sua câmera retratou o sofrimento dos oprimidos e serviu como a consciência de toda a humanidade.

A melhor maneira de honrá-los é garantir que suas lutas não foram em vão e assegurar que permaneceremos firmes na defesa da democracia, da paz e do desenvolvimento sustentável.

Muito obrigado.

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Rhyan de Meira

Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira

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Marco Paulo Valeriano de Brito

05/06/2025 - 13h07

O BRASIL TEM UMA ELITE QUE NÃO QUER A NOSSA SOBERANIA E O NOSSO DESENVOLVIMENTO COMO NAÇÃO INDEPENDENTE

Pior que isso, pois a esquerda brasileira não tem projeto ideológico e se acomodou no revisionismo e no reformismo baseado em um pacto pragmático com a parcela da burguesia que esses centro-esquerdistas acham que é “progressista”.
O Lula ainda tem carisma, em queda mas tem, é um líder trabalhista inconteste, tem seu legado na história, contudo, o Partido dos Trabalhadores jaz no neoliberalismo carreirista-sindical, patrimonialismo de Estado e se acostumou ao clientelismo utilitarista, o que fez do PT a alegria dos patrões que no início do partido a companheirada dizia querer ver sendo substituídos pelos “trabalhadores no poder”.
Os demais partidos da Esquerda Brasileira se esvaziaram em si mesmos, e isso é uma lástima, ademais, a sociedade civil organizada se dividiu nas bolhas das redes digitais, se confinou nos home offices e optou por embates e defesas identitaristas.
A extrema-direita sai ganhando e o bolsonarismo não sai das mídias, numa polarização idiota que só faz movimentar gados e garrafas, de um lado coxinhas elitistas e ovelhas milicianas-religiosas, do outro melancias e mortadelas embutidas no lulo-petismo apelegado.
O Brasil segue sem projeto de Estado-Nação capengando entre o agro business plantation e a indústria pseudo desenvolvimentista, ambos parasitas do dinheiro público, via plano safra, BNDES, Banco do Brasil, Caixa e rapina permanente sobre o INSS, com subfinanciamento da Educação e da Saúde, e as mídias propagando a permanente necessidade de cortes de gastos com o bem-estar e a qualidade de vida para o Povo.
Só não estamos pior por causa da China e do Brics+, contudo, Lula insiste em submeter o Brasil novamente ao eurodomínio, insiste na parceria Mercosul-União Europeia, e está lá na França bajulando o Macron e pedindo que o colonialista “abra o coração”.
Desde 1500, quando aqui chegaram os criminosos degredados portugueses, até hoje, o Brasil segue contaminado pelo atraso e infectado por nossas ignomínias e mazelas seculares, que só uma revolução popular brasileira haverá de nos livrar dessas imanentes maldições.

Marco Paulo Valeriano de Brito


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